A lenda do Penedo da Víbora

Era uma vez, um príncipe cristão que se apaixonou por uma princesa moura e fugiram os dois.
Eles foram morar num castelo, que era numa terra perto desta povoação de Oliveira do Conde.
Eram muito orgulhosos e invejosos e não gostavam de falar com ninguém.
Quando passavam pessoas por perto, eles escondiam-se porque tinham vergonha, achavam-se mais importantes que as outras pessoas.
Um dia, passou lá uma velhinha muito pobre e desajeitada, que na realidade era uma fada disfarçada, ela pediu-lhes pousada e o príncipe perguntou-lhe:
-Quem te disse a ti que aqui habitava gente? Vai-te embora velha impertinente.
A velhinha não respondeu e com a varinha na mão direita disse para a princesa:
-Transforma-te numa enorme víbora.
E disse para o príncipe:
-Transforma-te num rouxinol, cantarás de dia e de noite, quer chova quer brilhe o sol.
Em momentos a princesa transformou-se numa víbora, o castelo foi demolido e transformou-se num penedo e o príncipe num rouxinol.
A víbora ia todos os dias ouvir o seu amor cantar.
Quando as tecedeiras lá passavam para irem além do Mondego, atiravam-lhe com novelos de lã e depois fugiam dela.
Um dia como a víbora já não tinha mais espaço para pôr mais novelos no açafate (cesto de verga da costura), começou a devorá-los. Ela encheu tanto o seu ventre que deu um estoiro soltando-as.
Assim acaba a lenda do Penedo da Víbora.
Hoje ainda existe o penedo, tem lá uma tesoura desenhada e o açafate.

(autores desconhecidos, s.d.)



















Em Oliveira do Conde. Entre narcisos e monumentos megalíticos de dolmens e mamoas conta-se a lenda do Penedo da Víbora:

Lenda do penedo da vibora

APL 286
Diz a lenda que outrora
Perto desta povoação [Oliveira do Conde]
Houve um castelo habitado
Por uma princesa moura
E um príncipe cristão.

Vindos não se sabe de onde
Ali se refugiaram,
Da sua grande nobreza
Egoístas e orgulhosos
Escondiam se de todos
Quantos por ali passavam,
Não pensando em mais ninguém
Só consigo se ocupavam.

Assim se passaram anos
Ate que um certo dia
Passou lá uma velhinha
Pobrezinha e mal trajada,
Que avistando o castelo
A ele se dirigiu
E aos príncipes pediu
Que lá lhe dessem pousada.

Os príncipes orgulhosos
Responderam em alta voz
O castelo é só para nós
Vai-te velha impertinente
Não te queremos aqui,
Quem foi que te disse a ti
Que aqui habita gente?”

A velhinha era uma fada
Que logo lhes respondeu:
- “Quem sois vos e quem sou eu?
Eu vou mostrar vos quem sois.
Por serdes tão orgulhosos
Vou castigar vos aos dois,
com esta vara que tenho
Nesta minha mão direita
Toda a vossa soberania
Será agora desfeita.

Muda-te em enorme víbora
- Disse para a princesa, -
E ao príncipe com dureza:
- “Muda-te num rouxinol,
Cantar as de noite e dia
Quer chova quer brilhe o sol
Em cima do arvoredo,
E o castelo que habitais
Transforme-se num penedo.”

Mal acabou de falar
Ouviu-se um grande ruído
Eles foram transformados
E o castelo demolido
No local do castelo
Logo se ergueu um penedo
Onde a víbora atava a cauda
Indo beber ao Mondego
Para ouvir o seu amor
A cantar no arvoredo.

Passavam as tecedeiras
Que iam para o Mondego,

Com novelos lhe atiravam
Novelos que ela apanhava
E punha num açafate
Que tinha sobre o penedo,
Enquanto as tecedeiras
Fugiam cheias de medo.

Mas certo dia porém
Foram tantos os novelos
Que a víbora não podendo
No açafate contê-los
Começou a devorá-los
Enchendo o ventre demais
E dando um grande estoiro
Faleceu dando ais.
Assim, tudo acabou
Só o penedo ficou.

(ALVES, 1995)

A Lenda do Juncais

Existe entre Oliveira do Conde e Fiais da Telha, um campo onde nasce muito junco.
Habitavam lá mouras encantadas que se vestiam com juncos.
Certo dia passava lá um sacerdote para ir celebrar a missa e vendo figos a secar, apanhou 3 para se desjejuar.
Quando acabou de celebrar a missa, foi para comer os figos, quando em vez dos figos encontrou 3 libras em ouro. Como queria ficar rico voltou ao mesmo sítio para apanhar mais, pensado que ia encontrar mais libras em ouro. Ouviu uma voz que lhe disse:
-Larga o que apanhaste porque isso não te pertence.
De repente, vê-se uma enorme quantidade de mouras já desencantadas e nuas, pois as vestes feitas com juncos caíram.
Hoje ainda existem os Juncais onde nasce muito junco e porque as mouras fugiram gritando "Ais". Assim se deu o nome dos Juncais.

A Lenda de Nossa Senhora dos Carvalhais

Há muitos muitos anos, num local chamado Carvalhais, em Oliveirinha, diz o povo que apareceu uma imagem de Nossa Senhora sobre um carvalho. Essas terras pertenciam a D. Afonso Henriques, onde existiam muitos carvalhos, pinheiros e silvas, ninguém conseguia lá passar.
Certo dia quando o povo passou por lá, nos Carvalhais, viram uma imagem de Nossa Senhora sobre um carvalho.
O povo achava que ali não era um bom sítio para a Nossa Senhora e resolveram trazê-la para a igreja de Oliveira do Conde e com a ajuda do pároco, organizaram uma procissão para a trazerem para a igreja.
No dia seguinte, como de costume, o povo foi rezar à igreja e não viram a imagem da Nossa Senhora. Ficaram muito espantados.
Então lembraram-se de que ela poderia estar nos Carvalhais. Não fizeram mais nada, foram então ver se lá estava ali a encontraram.
O povo percebeu que Ela não queria vir para Oliveira do Conde. Começaram a cortar alguns pinheiros e carvalhos e encontraram uma capela em ruínas. O povo diz que era a antiga morada de Nossa Senhora.
Foram passados 300 anos que ela apareceu, depois dos mouros terem atacado essas terras.
Em 1974 a capela foi assaltada e mas mais uma vez, a Nossa Senhora conseguiu escapar.
Ela chama-se Nossa Senhora dos Carvalhais, porque apareceu nos Carvalhais.

A Lenda das Maias



Há muitos, muitos anos, o rei Herodes mandou matar todas as crianças com menos de um ano, pensando que o Menino Jesus estaria entre eles. Diz a lenda que quando os soldados de Herodes andavam à procura do Menino Jesus para o matar, encontraram um homem malvado, com mau íntimo, que lhes disse que sabia em que casa vivia Jesus. Combinou com eles que deixaria um ramo de flores à porta da casa.
Quando os soldados foram procurar a casa que tinha à porta o ramo de flores, ficaram muito espantados porque havia ramos de flores em todas as casas.
E assim conta a lenda que Jesus se salvou da fúria de Herodes.

Na véspera de 1 de Maio, na nossa terra é costume colocar um ramo de maias amarelas floridas, nas portas e janelas. O povo diz que é para afastar a fome da casa.

A História da Bácora Ruça

À beira da estrada, quando se vai de Oliveira do Conde para Oliveirinha, passa-se por um local chamado Bácora Ruça, onde está instalada uma cabine elétrica. Dizem as pessoas que ao bater da meia-noite, aparecia nesse sítio uma porca com leitões, outros diziam que era uma bruxa com os filhos, o diabo, uma galinha com com leitões e outros que era uma porca com pintainhos...
Todas as pessoas tinham medo de lá passar a uma certa hora da noite. Hoje já ninguém acredita nessa história.
(...)
Há umas dezenas de anos, um grupo de rapazes vinha de um baile e passou por esse local. Viram aí um leitãozinho e ficaram assustadíssimos! Começaram a fugir e a gritar:
-Anda ali a bácora ruça com os filhos! Vamos embora!
Um deles que não tinha medo de nada e era mais atrevido e curioso foi atrás do leitão. Os outros ao verem aquilo, encheram-se de coragem e foram também ver se o agarravam. Depois de algumas correrias, apanharam o leitão. Deixaram-no na portela, num quintal, debaixo de um cabaz com uma pedra por cima, com a intenção de o comerem no dia seguinte.
No dia seguinte o pároco da freguesia queixou-se que lhe tinha fugido um leitão. Eles ao saberem disso foram-lho entregar.
O mistério desvendou-se.

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