O que são "Alminhas"?

Manifestações diversas de religiosidade prendem-se ao culto da alma, enraizado nos povos, através dos séculos, e mantido ainda em algumas das suas expressões. A existência do Purgatório, onde as almas dos finados expiavam as suas, penas, redimidas pelas orações dos vivos, é crença muito antiga e que se estabelece como doutrina dogmática a partir do II Concílio de Lião, em 1274.
A" Amenta ou Encomendação das Almas" é cerimónia nocturna quase caíra em desuso. O mesmo sucede com o toque dos sinos a horas certas, para oração dos fieis. E as "Alminhas", esses pequenos, mas valiosos monumentos, geralmente em de pedra, talhadas pelos mestres canteiros, vão também desaparecendo das encruzilhadas e bermas dos caminhos, onde outrora os crentes rezavam piedosamente.

Falar das "Alminhas", esses pequeninos monumentos ao ar livre ligadas à crença religiosa , elas não deixam de ser uma representação algo ingénua, talvés, mas significativa e profunda no culto do purgatório e da importância dos sufrágios na libertação das almas.
Na sua variada conceção artística, impressiona, sobretudo a simplicidade destes padrões de fé, até nas pinturas dos seus painéis, muitas vezes, de imagens toscas e imperfeitas.Também as legendas que, geralmente, ostentam na sua base, são expressões de terna singeleza, ás vezes rimadas e até com certas falhas em termos ortográficos, a maior delas iguais ou semelhantes, sobressaindo aquela que se tornou como que o símbolo ou guia destas inscrições, no apelo aos vivos para sufragar as almas dos extintos, e que diz assim " Ó vós que ides passando, lembrai-vos de nós que estamos penando !..." outras frases também muito frequentes nas "Alminhas", evocam a fragilidade da vida terrena destacando-se "Nós penamos e vós zombareis, mas lembrai-vos que em breve como nós sereis!..."
As" Alminhas" lembravam como o nome indica, as almas dos que haviam partido para o Além e chamavam a atenção dos vivos para a obrigação de rezarem por elas, aliviando-as e libertando-as mesmo das chamas do Purgatório. Foram-se implantando por todo o País, com maior relevância nos séculos XVII e XVIII, acima do Tejo, mas com mais incidência em terras nortenhas e cuja influência se espalhou pela Galiza com os "petos das ánimas" e pelas Asturias as "capillas de ánimas".
As "Alminhas" para além do simbolismo, são expressões de arte popular, de canteiros e pintores gente simples que não deixou seu nome gravado, mas cuja obra constitui um valioso património que urge conhecer e preservar.

PEQUENINOS MONUMENTOS

Para ser um monumento,
Não é preciso grandeza,
O tamanho dum convento,
Obra d'arte, ter nobreza!...

E também não é apenas,
O que tem d'ostentação
Como uma palácio d'Atenas,
O fulgor duma Nação!...

Monumento não é só
O que bem alto se ergueu,
Do sonho dum faraó
Ao mais rico mausoléu!...

Mas é, em boa verdade,
Obra que em memória fica,
Legada à posteridade
Dum Facto que certifica!...

E vejam na singeleza
Dessas suas toscas linhas,
Monumentos de beleza,
Que são as pedras d'Alminhas!...

Tão pequeninos que são,
Hoje sós e abandonados,
Mas grandes como expressão
De fé dos antepassados!...

E as Alminhas que, por fonte,
Têm culto cristão,
Enchem todo o horizonte
Da nossa imaginação!...


FREGUESIA DE OLIVEIRA DO CONDE

Tem Oliveira do Conde,
A freguesia maior,
Passado que não esconde
Sua grandeza e valor!...

De terras de gente franca,
Sempre em luta com afã,
Alvarelhos e Travanca,
Fiais e Vila Meã!...

Outras mais ainda tem
Em tão grande Freguesia,
Oliveirinha também,
E Azenha, Albergaria!...

Templos há por toda a parte,
E dois desses monumentos
Com túmulos, obras d'arte,
De talhados ornamentos!...

Lindas casas solarengas,
Ecos dos tempos passados,
Que foram criando lendas
Nos seus velhos povoados!...

E dos seus cultos remotos,
As "Alminhas" hoje são
A memória dos devotos
Dos tempos que já lá vão!...

OLIVEIRA DO CONDE

Nos templos dantes pintadas
As almas nas labaredas,
"Alminhas" depois chamadas,
Ao ar livre, nas veredas!...

Oliveira do Conde (Cabeço, actual largo do Hospital)

Altura máxima - 91,5 cm
Largura máxima - 54 cm
Espessura máxima - x
Relevo máximo - 6,5 cm

OLIVEIRA DO CONDE

Minúsculas capelinhas
Surgem aqui e além,
Com pinturas das "Alminhas",
A quem se reza também!...

Oliveira do Conde (Caminho da Laje Grande, próximo à Quinta do Boiço, hoje estrada nova Oliveira do Conde)

Altura máxima - 152 cm
Largura máxima - 65 cm
Espessura máxima - x
Relevo máximo - 6,5 cm

OLIVEIRA DO CONDE

Tem OLIVEIRA DO CONDE
Do passado, joias belas,
Mas, por certo, não esconde
As "Alminhas" tão singelas!...